sábado, 23 de maio de 2009

Posições mandibulares
As posições mandibulares são referências estáticas adotadas pelo complexo neuromuscular, para que a mandíbula inicie ou complete um movimento.
Consideramos três posições básicas da mandíbula:
- Posição postural (R.C.)
- Posição de intercuspição máxima
- Posição retrusiva de contato

a) Posição postural
A posição postural é um reflexo inato, igual àqueles que costumam atuar na
respiração e na deglutição. É um reflexo de estiramento muscular – reflexo miotático, que evidentemente é mais ativo nos músculos que atuam contra a ação da gravidade. Essa posição se caracteriza pela ausência de contatos interdentários, onde os músculos mastigadores (com exceção do feixe superior do pterigóideo lateral) estão em estado de contração passiva, agindo somente contra a ação da gravidade. Os côndilos localizados na fossa mandibular em perfeito estado de equilíbrio, e o disco sobre o côndilo otimamente posicionado em virtude de contração do feixe superior do músculo pterigóideo lateral e resistência da fibras retrodiscais, ou seja, a mandíbula está em relação central com as fossas mandibulares e a base do crânio.
A posição postural é a posição a partir da qual começam os movimentos
mandibulares, também denominada de posição fisiológica de repouso mandibular.
Quando a mandíbula está em posição postural e são tatuados dois pontos na face, por exemplo, um no mento da mandíbula e outro na ponta do nariz. A distância entre esses dois pontos é chamada de Dimensão Vertical de

Repouso ou Fisiológica (D.V.R. ou D.V.F.).
O termo Dimensão Vertical de Repouso é, portanto, uma medida da face, quando a mandíbula está em posição postural, e a posição postural é estabelecida pelo tônus muscular, isto é, pelo estado de contração passiva dos músculos mastigadores (reflexo de estiramento ou miotático). A tonicidade muscular é fundamental para que os músculos de um Indivíduo possam fazer com que ele permaneça com seu corpo em posição postural cômoda. Assim sendo, a mandíbula mantém uma posição bastante estável sem contato interdentário.
Vários fatores afetam a posição postural, por exemplo: as posições da cabeça e do corpo na vigília e no sono, sensações de dor, desgaste oclusal excessivo, fatores emocionais, idade, espasmo muscular, alterações musculares e disfunções ou enfermidades da articulação temporomandibular.
Na posição postural, o espaço médio entre as superfícies incisais dos
antagonistas varia entre 1 a 4 mm. Espaços menores já foram encontrados em
condições fisiológicas normais, assim como espaços maiores por volta de até 8 mm (Figs. 5 e 6).
A posição postural é, portanto, uma posição de pequena abertura adota-da pela mandíbula com os lábios, tocando-se suavemente depois que o Indiví-duo deglute, fala, mastiga, etc.

Figura 5: A mandíbula em posição postural propicia o aparecimento de um espaço entre os dentes denominado de espaço livre interoclusal (EL).
Figura 6: Posição do côndilo quando a mandíbula está em posição postural.

Oclusão harmoniosa
A oclusão é considerada como a principal responsável pelo componente
funcional dos dentes. Para a maioria dos autores, temos como conceito de oclusão; é a relação dos dentes maxilares e mandibulares quando em contato funcional durante a atividade da mandíbula, a fig. 7 monstra a relação dos dentes em oclusão harmoniosa.
Figura 7: Relação cúspide-fossa. Cúspides superiores alojadas no perímetro das fosses inferiores (A) e cúspides inferiores em fossas superiores(B).
Figura 8: Oclusão com crista marginal (não preconizada por P. K. Thomas).



Figura 9: Contatos oclusivos ideais, segundo P. K. Thomas. As relações cúspidecristais marginais se convertem em relação cúspide-fossa com contatos tripóides.

Oclusão Funcional - É aquela em que a oclusão dentária pode não estar de acordo com a oclusão ideal, contudo os componentes do sistema mastigatório funcionam de forma eficaz, indolor e em estado de saúde. Nesse tipo de oclusão, que é a mais comumente encontrada entre as pessoas, os dentes permanecem firmes, não migram, não retêm alimentos, não causam dor durante o contato oclusivo ou depois deste, a articulação temporomandibular e estruturas associadas funcionam com liberdade e sem sintomatologia dolorosa.
Alguns pesquisadores costumam ainda fazer referências à “Oclusão Habitual”.
Nesse sentido, acreditamos que qualquer oclusão se enquadrará sempre como uma oclusão ideal, funcional ou oclusão em estado de colapso funcional, porque quando a relação de estabilidade entre a oclusão e a adaptação fisiológica do indivíduo é rompida, certamente se instalarão alterações funcionais no sistema estomatognático, com ou sem sintomatologia dolorosa. Porém, vale ressaltar que em seus estados iniciais, dificilmente teremos meios de saber se as alterações que começam serão ou não absorvidas por esta adaptação individual. Portanto, a intervenção profissional, no intuito de um diagnóstico e tratamento deverá ocorrer com muita prudência e após um estudo acurado de cada caso.

Posição retrusiva de contato
É a posição mais retrusiva, não forçada da mandíbula, a partir da qual,também, é possível executar com comodidade movimentos de lateralidade, protrusão e abertura. Para que a mandíbula alcance esta posição desde a posição de intercuspidação máxima, os côndilos deslocam-se para trás por cerca de 1 a 2 mm (Fig. 10).
Figura 10: Esquema mostrando as diversas posições do côndilo; PR – posição retrusiva de contacto; OC - oclusão cêntrica e RC - relação cêntrica.

Movimentos mandibulares
Comumente os movimentos mandibulares são classificados em dois tipos: os movimentos bordejantes e os movimentos intrabordejantes.
Os bordejantes são assim chamados, pois a mandíbula executa movimentos exigindo o máximo da ação muscular, ligamentar e articular. Movimentos além desses limites determinariam possivelmente estados de subluxação articular, característicos de hiperexcursão. Exemplo de um movimento bordejante é quando a mandíbula desloca-se da posição de intercuspidação máxima para a posição de retrusão máxima (Fig. 11).
Figura 11:

Figura 14: Nos planos oclusal e sagital os movimen-tos mandibulares detectados são movimentos bordejantes e intrabordejantes, contactantes e não contactantes:
1 - posição postural (relação cêntrica)
2 - posição de contato retrusivo
3 - intercuspidação máxima em oclusão cêntrica
4 - posição “topo a topo”
5 - posição protrusiva
6 - abertura máxima
7 - trajetória de fechamento
8 - trajetória de fechamento, em direção à intercuspidação máxima.

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